quarta-feira, 1 de novembro de 2017

À Cunha



Continua a implementar a sua abordagem revolucionária à pressão alta: correr do ponto a ao ponto b à mesma velocidade com que a bola é trocada entre o adversário no ponto a e o adversário no ponto b, de forma a conseguir pressioná-los alternadamente, mas, na prática, ao mesmo tempo. É um processo tão contra-intuitivo e, por um par de ocasiões, deixou os jogadores da Juventus tão incrédulos que acabaram por entregar a bola a Acunã e foram reflectir um bocadinho. Terá jogos mais influentes ofensivamente, marcará mais golos, fará mais assistências, mas suspeita-se que os seus lances paradigmáticos serão sempre parecidos com o do minuto 49, quando veio fechar ao meio, recuperou uma bola na meia-lua, passou por Pjanic em velocidade e desmarcou Dost, tudo em menos tempo do que demora a dizer "nove milhões extremamente bem gastos".

Ou, por exemplo, a semana passada:

Adoptou alguma da aura polivalente de Bruno César, com a (significativa) diferença de que, enquanto Bruno César podia ser médio-ala, médio-centro e defesa-lateral no mesmo jogo, Acuña pode ser médio-ala, médio-centro e defesa-lateral na mesma jogada. É uma situação de superioridade numérica em forma humana. É possível que a sua esposa esteja a praticar poligamia apenas por ser casada com ele.


Rogério Casanova, aqui