sexta-feira, 13 de janeiro de 2017



LOBO À COLINA DE SÃO ROQUE


Les Photo
 Inquéritos de satisfação
Este relativismo doido
Rede presa em casa
Nas casas Marchar contra
Entrar no bairro, na colina
Fui
Lobo gélido insatisfeito
 De humores fora da toca
Não vos digo nunca onde
Como nunca sei
Onde você mora, ou sei
Explorar o que há para explorar
Como está Lisboa, como está?
Como está Lisboa hoje, como está
A subir e a descer subir e descer Bruschetas
O Forcado Peixe laranja
 É a Rua da Rosa. a Mamie Rosa, chapéus Galo de Barcelos Cozinha trendy é portuguesa é trendy é portuguesa Sim E o Brás Grogs Dança da Comida Ao fundo do fundo do fundo O Mini-preço Um
É gente a mais, já almoçaram Fidalgo Faia Vazio é o faro
Pirata bar um preto homem Martelaria pesada tá tum tá tá tum tá tá tum tá
Ai Precisava de saber mesmo como te escondias atrás desta merda na tua toca
Tua Casa casa sempre casa Sempre casa sempre Em casa
Rá-tá-tá tá-tá tá-tá-. tá-tá- tá-tá-... Travessa da Queimada
Bairro Alto massa
 Rua da Atalaia tudo
Em película quando alcanço as Catacumbas Memórias de noite
Tu eu Alcateias consoante décadas
Lá fora acasalados num carro Lá fora, disse, sou lobo, nunca fui apanhado
Nas escadas de um prédio mandou vir
 Com o barulho fui daqui até à Alameda Mandei-te o convite, está lá no facebook...
Sopro o sopro ouvia isto aos dez anos
Abro a boca o focinho ao cheiro oleava faz séculos
Devorava isto tudo.
Às barcas, às barcas! Pelo mar e pelo mar...
 Ás malvas! Ás malvas!
Estimados É como é como comer papel Souvenir tamanho não é memória Mera é mera a constatação Voilá, era um convite Vou Shop-shop mini-mercado Travessa da Boa Hora, antes isso Uma preta mulher Só para dizer que aqui estou sempre no antigamente Século XVII, XVIII sobretudo E o terramoto? O fartote? Antes, quando antes era tudo bilingue, bom
 Jamais esquecerei os estridentes risos dos escravos  iguais
Todos iguais na catástrofe eu é que nunca Mas nunca fiz parte de manadas nem de exércitos Nem de futebóis, sou lobo não faço espécie não sou espécie da espécie se é que me faço entender
Dessa espécie, bom, não vos digo mais nada...
Bem, sei, só me querem porque eu vos dou pistas só eu vos dou pistas as pitas Só eu
Simulo o passado, conto-vos que conto, fui vou e já fui, e já vou...
 Pistas, pistas, pistas gargalhadas pistas gargalhadas, sim, bem gargalhadas
Hei! Mas não me riu nunca me riu nada disto tem graça nenhuma
Ou tem se tem, por outro lado Posso contar do passado...
Ou não, não, não, não conto do passado como Não conto o passado como
Não conto com o passado Ouviram?
Uivo a isso Vão bardamerda, Uivo a isso
A todos bardamerda a todos, uivo a isso
 Só mesmo quando estou disposto Bem disposto quando dou uivo Por ela uivo uivo ó bardamerda S
oubessem vós como tenho de me centrar no alimento Isso que odeiam, isso, e odeiam-me!
Isso, odeiem-me Sou lobo não sou nenhum congregador de almas Soubessem vós como estou como vou Toda a concentração ao máximo é sempre o mínimo Um mínimo olímpico, soubessem vós O que são trezentos mil anos Por exemplo... Vá-lá Lisboa ta-ra-ra-ra-ra-ra-rã... Rá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá.... Edda em verso perdiz Ragnarok pardalado Lobas à colina! venham Bom cu trans-oriental transexa eu miro é o tempo Nah!... Acreditaram, era?
Nah, cuba exótica, cheirei-lhe Ouvi-a mais tarde.... Três horas depois....Já estava longe...à beira do cais Ouvi tudo... Os sapatos a serem descalçados ela a deitar-se no balcão O bar às escuras até vos digo as horas cinco da tarde
Não acreditam? Querem cheirar? Faro o faro Fixo o fixo Vou o vou ido o ido Sou todo ido e estou Estou o estou Fenrir e príncipe nas margens do Volga Até predominei em Sevilha Austrália a pé Vossos céus coitados, não têm disso Vossos infernos, pior, estão cheios de água Não atravessam nada se não atravessam Nem pelo inferno... Mas vamos lá vamos lá: Cuba à vista! Num bar! Uivo a isso Opá The Pint Estation Espera aí na varanda A salsa canta a saliva Sientes que te quiero más con mi...Lalalala Sou um Shazam Disseram-me isso, sou um Shazam Não sei o que quer dizer mas aceito Desafio aceite Voilá e já o era Atraio E mais, mais, mais souvenirs mini-mercado Do paquistão ou do Nepal je m'en fous Tapa bucho tapas y pinchos Estrella Damn, diz lá, Estrella Damn Travessa de São Pedro Cuidado O ponto seguinte do percurso é cansado: Tacão Grande Mil Novecentos e Noventas Entas A Catarina Santiago Costa diz que falávamos muito sobre cinema nós dois nos noventas entas Uivo a isso!

Mas é andar....

Parafernália a parafernália
Parabólica branca medonha de alta enorme cobre todo o MC da esquina Como se ninguém soubesse Como as ruas são curtas as casas contíguas mas aquilo enorme A anunciar um fim de um bairro, mesmo que hipotético É o fim é o fim eu já vi tantos fins Só esta colina de São Roque sempre a começar sempre a acabar sempre a começar sempre Vá das ruas marcadas Memórias... A parabólica diz Contera Ai a Alfaia Comi lá, uivo a isso mas
Ai ai ai Tasca Tequilla Bar Mojito Mezcalina Conchonchada e enchilada! Bom, não percebo a letra... Pancho Collins? Sim. Et Sim: The Corner Irish Pub, bom, agora leio melhor: Sex On The Beach, Irish Car Bom The Westies, já agora... Whitey Bulger, já agora Steve Coonan, pois, South Boston, ai como eu sou Bela colina Azúlea cinza e perigosa Lá
percorri E para sul: Rua do Norte Hostel marisqueira aché Cohiba Alface Hall Cobalto Corgo Alto Coturno? Travessa de Esperança ristorante italiano Adega Machado Fado fado fado Bad bones tatoos Baco Alto. Baco Alto? Ouvir melhor: Cê viu a mesma casa? Já, já-já... São Já Está O Farta Brutos, sim, o Farta Brutos Isto em tempo de farta Brutus é monta Querem o quê? Tempos não são tempo Não entendem? Não explico Olhem o Leitão & Irmão Wine Lover, isso! Está bem está... Isso, Severa Fado, isso! Isso sim, Severa Fado Severa a escrita encarnado Vende a tempo antigo Cor portuguesa como o meu pêlo Verde o maço de Marlboro Sou lobo não sou tradicionalista Não sigo. Não sigo nem deixo de seguir O vazio & Trendy Bliss Lisbon Apartments Metálica opaca ó Pá tanto faz aqui como em Pasteur Assim como assim Não é nada é nada Afinal O Cantinho das Gáveas Nesse Estádio já não entro Onde havia amendoins antigamente onde fumavas O Mike e o Armando anarca Tinha estado com o Luiz Pacheco e toda a gente que não conheci Lá não estava mas estava Sim, falo de ti E a jukebox ai ai ai a jukebox agora agora ouvem mais a jukebox do que quando a jukebox existia fazem bem Usar do instinto da sobrevivência não conhecem a forma As formas como Lisboa é manada em texturas das suas peles Não conhecem nada não têm culpa vão conhecendo, é isso Clichés noites perdidas a mil paus granadas. Não? Meu amigo: 1913, vai pó caralho, ok? Sou Lobo, não um amendoím temporal ou se quiseres palhaços, um amendoim em temporal: tu! Porquê? Comia-te em cerveja. Cuspia-te até a beber uma Cristal ó contingência Santa Contingência Vem-me a mim
Via-me a mim mas eu não estava Então como então agora presente sempre presente Acendo o lume ainda me fogem... Ofendem Não estão a ver a minha casa nem as suas A verdadeira face, como se diz, sou lobo, não contautor de anedotas – ainda por cima as vossas
Antes diria morram, morram todos ou vivam agora todos
Kebabs Ai ai, uivo a isso! Olhem bem para o exemplo da Taberna Minhota Bitoque costeleta de novilho Ameijoas à Bolhão Pato Falafel durum vegetarian pita kebab Durum durum... Pastel de bacalhau o dobro do tamanho e a Ginjinha a êro e meio...


quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

Ontem





Não estava tão escuro quando passou por mim ontem. Nunca ou quase nunca estou no meio da gente. Afinal sou (ou também posso ser) Lobo, como os mais próximos sabem, ou saberão, e não gosto dos ajuntamentos, dos amontoamentos, neste caso nada contra, mas mesmo assim, fuera. O que importa é que três metros ao meu lado estava Roberto Carneiro, ex-Ministro da Educação, como José Augusto Seabra, que também foi Ministro da Educação, que foi o preso político mais novo da ditadura, aos 16 anos, que como Mário Soares esteve preso em Caxias, que como Mário Soares se exilou em Paris, cidade onde nasceu o seu filho, o meu grande grande amigo Luís Seabra. Isto para constatar a geometria - quando aqui há ainda geometrias mais secretas que se interpõem, e outras pertinentes, mas que não vêm ao caso. Adiante. Importante mesmo foi aqui ter constatado a geometria. Ver como Deus geometriza, como dizia Pessoa. Ou se quiserem, como a própria Vida geometriza. É que a vidinha não geometriza nada. Não desenha sequer uma linha. Não é capaz. É do medo.  

terça-feira, 10 de janeiro de 2017

58.

Conversa ouvida ao meio, entre o meio entre os vários meios: «eu é que tenho ração», «Sim?», «Sim, tu também podes ter, depende do teu Pedigree Pal». Assim que tais... Cães das tias, entre as tias...

57.


CABRA CEGA

Cabra cega não vê, julga
Que encontra, presume 
Dá-te a ver seu labirinto 
Agora quer que te desorientes dentro
Quer que te percas, que o que importa
É o que já não mais importa, mas importa
Que te percas 
A sentir a vingança
Do seu erro
A quente 
Sem saber quem é quem é
Se a queres não a queres 
Muito menos
Muito mais se não vais
No caminho da cabra cega

Se fores reza 
A tua sorte
Saindo
A cabra cega não te apanha...


segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

56.


METAFORMOSA

Uma simples barata é capaz
De fazer disparar toda uma cadeia de eventos,
A começar: o êxodo das casas pelo insecticida

Ela falava-me assim num doce leve acarinhando
Desenhando-me um sonho como sugestão universitária 
E eu, de acordo comigo há vinte anos, 
Não discordo em nada do que ela disse
Que se dane este tempo
Quero o devido confronto que me fez sair de casa,
Antes de mais nada,
Na direcção da sua voz
Fina recompensa fazer valer a pena
De distinta maneira
Poder ir dar ao encontro da assassina metáfora.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

55.

Ninguém tem mais poder que tu para interpretar estes signos. 
Sim, tu
Tu tu tu
E nem entendes nem sequer ideia. Tanta cambalhota acrobata virtuosismo desarticulado Desaguamento nesse non sense que nada assume não pode
É um claro que não
Ter de entrar em cada signo, interpretá-lo
Todo o futurismo, amor, já não é ingénuo, já nem sequer é futurista
Acabou e acabou - corta e cola na descoberta que já não há mais nada a destruir?
Foi tudo destilado pela bicheza parasitária do tudo que nos revolucionou 
Todos os comandos
Ironia? Medo nenhum da ironia. Ironia? Sim, tens medo, sim
Só que usá-la dentro do medo dá vitórias dá errado inventa purgatórios - desconheces? 
Um balão vazio que logo explode e em ti não há sequer queda, dissipas como um sabão quando não és
Nem isso
Medo? Queres o meu medo? Então está bem. Tenho medo
Da potência desse choque
Esse medo que dá não ver já o tijolo já partido 
Que é a única maneira de partir o bloco de gelo tijolo coito interrompido
Que só (o) dividido serve para erguermos nosso edifício 
Para nos erguermos 
Neste cada um a seu lado